A manhã desta quarta-feira (3) entrará para a história política do Tocantins. Enquanto a cidade ainda despertava, a Polícia Federal deflagrou a Operação Fames-19, uma ação ostensiva que mirou o coração do poder legislativo estadual. Cerca de 200 agentes foram mobilizados para cumprir 51 mandados de busca e apreensão, sendo dez deles nos gabinetes de deputados estaduais na Assembleia Legislativa, em Palmas.
A investigação, que corre em segredo de justiça, apura um esquema audacioso de desvio de recursos públicos que deveriam ter sido usados para o enfrentamento da pandemia de Covid-19. O foco, segundo a PF, está na compra superfaturada de cestas básicas, um dinheiro que deveria ter matado a fome de milhares de famílias tocantinenses em um dos momentos mais críticos da história recente. O prejuízo estimado aos cofres públicos pode ultrapassar a marca de R$ 71 milhões.
Os parlamentares alvo da operação foram: Amélio Cayres, Nilton Franco, Waldemar Junior, Léo Barbosa, Cleiton Cardoso, Claudia Lelis, Vilmar do Detran, Ivory Lira, Olyntho Neto e Jorge Frederico. Documentos, computadores e celulares foram apreendidos nos gabinetes para aprofundar as investigações. Até o momento, não houve pedidos de prisão contra os deputados.
A operação não se restringiu a Palmas, com mandados sendo cumpridos simultaneamente no Distrito Federal, Paraíba e Maranhão, indicando a complexidade e a abrangência da organização criminosa investigada.
Conexão Zona Sul
Moradores da Zona Sul de Palmas, que dependem diretamente das decisões e emendas parlamentares para melhorias em bairros como Taquaralto, Jardins Aureny e Taquari, acompanham o desenrolar dos fatos com apreensão. A pergunta que fica no ar é: o dinheiro que faltou para o asfalto, para o posto de saúde ou para a creche, foi desviado neste esquema? O Jornal Palmas Sul seguirá vigilante, cobrando respostas e transparência.
O nome da operação, “Fames-19”, é uma dura referência à palavra em latim para “fome”, combinada ao ano em que a pandemia explodiu. Um símbolo poderoso para uma investigação que expõe a crueldade da corrupção em tempos de crise humanitária.