A tranquilidade da BR-153, uma das rodovias mais movimentadas do Brasil e rota diária para milhares de tocantinenses, foi quebrada por uma cena digna de filme de ação na última quarta-feira. O que começou como uma ordem de parada de rotina da Polícia Rodoviária Federal (PRF) se transformou em uma perseguição alucinante que terminou com a descoberta de um crime bárbaro contra a fauna silvestre.
Tudo aconteceu nas proximidades de Paraíso do Tocantins. Ao dar ordem de parada a um veículo Fiat/Uno, os agentes da PRF foram surpreendidos pela reação do motorista, que pisou fundo no acelerador, iniciando uma fuga perigosa. A perseguição só terminou quilômetros à frente, quando o veículo foi finalmente interceptado.
Mas o verdadeiro choque veio ao abrir o carro.
Dentro do veículo, os policiais se depararam com uma cena de crueldade indescritível: amontoados em caixas de papelão e sacos minúsculos, sem ventilação ou espaço, estavam mais de 100 animais silvestres. A contagem oficial revelou o tamanho da atrocidade: 105 papagaios, 1 arara-canindé e 1 jabuti.
Muitos dos animais estavam em péssimas condições, debilitados e sofrendo com o confinamento brutal. Infelizmente, alguns já foram encontrados sem vida, vítimas da ganância e da desumanidade.

Questionado, o homem confessou que pegou os animais em Imperatriz, no Maranhão, e seu destino final era Goiânia, em Goiás, onde o “carregamento” de vidas seria vendido.
Preso em flagrante, o traficante foi levado para a Central de Flagrantes de Paraíso do Tocantins e responderá pelos crimes de maus-tratos a animais e por caçar e apanhar espécimes da fauna silvestre sem autorização.
Os animais sobreviventes, verdadeiros guerreiros alados, foram resgatados e entregues ao Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), onde receberão os cuidados necessários para, quem sabe um dia, voltarem à liberdade. O episódio na BR-153 serve como um alerta brutal sobre a realidade do tráfico de animais, uma rota criminosa que muitas vezes cruza silenciosamente as estradas que usamos todos os dias.