Em encontro crucial realizado na Zona Sul de Palmas, AFECCAMTO e líderes de terreiro debateram pautas decisivas, como a criação de um calendário oficial para o Festejo de Iemanjá e o fortalecimento político dos povos de terreiro.
O coração da Zona Sul de Palmas ferveu na última sexta-feira, 04 de julho. O bairro Jardim Aureny II foi o epicentro de uma reunião que se revelou um divisor de águas para o futuro das religiões de matriz africana e afro-brasileira no estado.
A Associação das Casas de Culto Afro-Brasileiras do Tocantins (AFECCAMTO) reuniu dezenas de dirigentes de Casas de Axé em um encontro estratégico na Casa de Axé Ilê Odé Oyá , sob a direção do anfitrião, o dirigente espiritual William Vieira de Oliveira, o Pai William de Oxóssi. O chamado, que ecoou por todo o estado, se concretizou em debates intensos e pautas que podem redefinir o cenário religioso local
A reunião, liderada pela presidente da AFECCAMTO, Luciana Caroline Ribeiro, a Mãe Carol de Oxum , teve como objetivo “garantir o avanço coletivo” das pautas da comunidade. E que pautas!
Na mesa, esteve em forte debate o andamento do Projeto de Lei que busca o reconhecimento definitivo do Festejo de Iemanjá, para instituí-lo no Calendário Oficial de Eventos de Palmas. Além disso, os líderes discutiram os encaminhamentos práticos da Audiência Pública sobre a criação de um Calendário Oficial exclusivo para as celebrações das tradições de matriz africana.
A articulação política foi um dos pratos principais da noite. Os presentes alinharam estratégias para a organização do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial e a formação de uma delegação tocantinense para a Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CONAPIR), em Brasília. O objetivo é claro: ocupar mais espaços e fortalecer a voz dos povos de terreiro nas decisões políticas.

Outro ponto fundamental discutido foi a sustentabilidade dos próprios templos. Foi planejado um “Curso de Regularização das Casas e Prospecção de Recursos”, focado em capacitar os terreiros para a formalização, obtenção de CNPJ e o acesso a políticas públicas e financiamentos.
O encontro no Jardim Aureny II provou ser mais do que uma simples reunião. Foi uma demonstração de força e articulação. A comunidade de axé agora aguarda com enorme expectativa os desdobramentos e as decisões que surgirão dos debates acalorados da última sexta, provando que, como diz o lema, “Unidos(as), somos mais fortes!”.