Um cenário de guerra e devastação se instalou no coração do Tocantins. O Parque Estadual do Jalapão, conhecido mundialmente por suas águas cristalinas, dunas alaranjadas e o brilho do capim dourado, está sendo consumido por um dos piores incêndios de sua história. Moradores da região, em estado de choque, relatam “paredões de fumaça” e um avanço implacável do fogo que ameaça a destruição total do parque.
“Está queimando tudo, tudo… a gente só vê a fumaça. Da minha casa eu enxergo o fogo lá na frente e não para. É escandaloso”, desabafou um morador à imprensa local, traduzindo o sentimento de impotência que paira sobre a região.
O fogo não destrói apenas a vegetação nativa; ele carboniza a principal fonte de renda de centenas de famílias: o turismo. Com pontos turísticos icônicos, como as Dunas do Jalapão, sendo fechados por tempo indeterminado, a pergunta que ecoa entre guias e empresários é devastadora: “O que vai restar para mostrar?”.
A catástrofe atinge também o coração da cultura local. Comunidades quilombolas, como a Mumbuca, berço do artesanato de capim dourado, viram parte de suas áreas de colheita virarem cinzas, colocando em risco uma tradição ancestral e o sustento de inúmeros artesãos.
Enquanto as chamas avançam, equipes do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e brigadistas do Prevfogo/Ibama lutam bravamente contra o tempo seco e os ventos fortes. No entanto, a dimensão do desastre levanta questionamentos sobre a efetividade das ações de prevenção. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam uma explosão no número de focos de queimada no estado, pintando um quadro alarmante para o meio ambiente tocantinense.
De Palmas, onde as decisões políticas e administrativas são tomadas, a população, incluindo os milhares de moradores da Zona Sul da capital, acompanha com angústia as notícias. A destruição do Jalapão não é uma perda apenas para aquela região, mas para todo o Tocantins, que vê um de seus maiores patrimônios e fontes de orgulho ameaçado. A cobrança por uma força-tarefa mais robusta e ações emergenciais já ecoa na Assembleia Legislativa, mas para a natureza e para as comunidades locais, cada minuto conta.
