Uma barreira de silêncio e incompreensão começou a ser quebrada no coração do Tocantins. Em uma ação de impacto profundo, o Governo do Estado, através da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) e da Rede de Atendimento à Mulher, lançou um material informativo revolucionário: todo escrito na língua materna do povo Krahô, com orientações diretas sobre violência doméstica e saúde mental.
A iniciativa, que percorreu as aldeias Rio Vermelho e Manoel Alves, visa entregar uma ferramenta poderosa diretamente nas mãos das mulheres indígenas, permitindo que elas identifiquem os diversos tipos de violência e conheçam os canais de denúncia em sua própria língua. Para muitas, é a primeira vez que um conteúdo tão sensível e vital se comunica de forma tão clara e respeitosa com sua cultura.
Técnicos de diversas secretarias, como da Mulher (SecMulher), Saúde (SES) e Segurança Pública (SSP), além da Funai, participaram da ação, realizando rodas de conversa e palestras. O objetivo é claro: mostrar que essas mulheres não estão sozinhas e que a violência não deve ser tolerada.
O Eco da Iniciativa na Zona Sul de Palmas
Enquanto a ação celebra um avanço histórico no território Krahô, ela joga luz sobre uma questão urgente para a nossa capital, Palmas. Indígenas de diversas etnias vivem em bairros da Zona Sul, como os Jardins Aureny e o Taquari. Eles enfrentam os desafios da vida urbana, muitas vezes distantes de suas redes de apoio comunitário.
A pergunta que fica é: estamos oferecendo o mesmo nível de cuidado e atenção a essas mulheres? Existem materiais ou canais de atendimento em Palmas que “falem a língua” delas, não apenas no idioma, mas no respeito às suas tradições e realidades?
A iniciativa com o povo Krahô não deve ser vista como um evento isolado. Ela é um modelo a ser seguido, um chamado para que o poder público e a sociedade civil de Palmas olhem para as populações indígenas urbanas e desenvolvam estratégias de acolhimento que sejam verdadeiramente eficazes e inclusivas. A luta contra a violência doméstica e pela saúde mental precisa ser acessível a todas, sem barreiras culturais ou linguísticas.