
A Câmara Municipal de Palmas vai ser palco, hoje quarta-feira, 27 de agosto, de um encontro que promete marcar um antes e um depois na luta por respeito e direitos dos povos de terreiro no Tocantins. A “Roda de Conversa – Direitos dos Povos de Terreiro no Tocantins” uniu vozes que raramente dialogam no mesmo espaço: lideranças religiosas de Umbanda e Candomblé, representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública e da sociedade civil. O objetivo? Um só: construir um muro de proteção contra a intolerância religiosa e tecer, a muitas mãos, políticas públicas que tirem a comunidade da invisibilidade.
O evento, organizado pelo Instituto Umbandista A Tenda do Caboclo, acendeu um holofote sobre uma realidade muitas vezes ignorada. Para moradores da Zona Sul de Palmas, onde a diversidade religiosa é pulsante em bairros como Taquaralto e os Jardins Aureny, a discussão não poderia ser mais relevante. “Não é só sobre ter a liberdade de praticar nossa fé. É sobre andar na rua com nossas guias sem medo, é sobre nossos filhos não sofrerem bullying na escola, é sobre o poder público entender e respeitar nossa existência”, desabafou uma participante que preferiu não se identificar.
A mesa de debate contou com nomes de peso, como a Promotora de Justiça Thaís Cairo Souza Lopes, a Defensora Pública Franciana Di Fátima Cardoso Costa, coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos, e a advogada Geany Dantas. A presença de autoridades do sistema de justiça foi um sinal claro de que a conversa subiu de patamar. “O diálogo coletivo é a ferramenta mais poderosa que temos para construir uma sociedade mais justa. A diversidade religiosa e cultural precisa ser, além de reconhecida, valorizada e protegida pela lei”, afirmaram os organizadores.
Liderado por Gildener Sousa, teólogo e dirigente do instituto organizador, o encontro não se limitou a expor problemas. Foram debatidas propostas concretas, como a criação de canais de denúncia mais eficazes e a inclusão de pautas dos povos de terreiro nas agendas governamentais. A promessa é que este seja apenas o primeiro de muitos passos para garantir que o som dos atabaques seja sempre um símbolo de fé e cultura, nunca de medo.