
Palmas, TO – A tranquilidade de um domingo de sol na Praia do Prata, um dos cartões-postais de Palmas frequentado por famílias de toda a cidade, incluindo muitos moradores da Zona Sul, foi quebrada por uma cena que está dando o que falar. Um vídeo, que se espalhou como fogo em grupos de WhatsApp e redes sociais, mostra uma arraia de água doce sendo laçada e arrastada para a areia, onde foi deixada para morrer sob o sol forte.
As imagens são fortes e provocaram uma avalanche de reações. De um lado, internautas defendem o autor da captura, argumentando que a presença da arraia, com seu ferrão venenoso, representava um perigo iminente para os banhistas, especialmente crianças que brincavam na orla. “Ele só protegeu as pessoas. Faria o mesmo pelos meus filhos”, comentou um usuário em uma postagem.
Do outro lado, uma onda de indignação tomou conta da internet, com acusações de crueldade e crime ambiental. “Isso é maldade pura! Um animal em seu habitat. Ligava para os bombeiros, para a guarda, para qualquer um. Matar nunca é a solução”, escreveu outra internauta.
O que diz a lei?
A polêmica levanta uma questão crucial: o que fazer ao encontrar um animal silvestre em uma área urbana? Para esclarecer, o Jornal Palmas Sul buscou informações junto a especialistas e órgãos ambientais. Segundo um técnico do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) ouvido em reportagem sobre o caso, a atitude vista no vídeo pode, sim, ser enquadrada como crime ambiental.
A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) prevê detenção e multa para quem pratica atos de abuso, maus-tratos, fere ou mutila animais silvestres. Embora a arraia possua um ferrão que pode causar acidentes sérios, a orientação nunca é a de abater o animal.
A Guarda Metropolitana Ambiental de Palmas reforça que a conduta correta é isolar a área e acionar imediatamente as autoridades competentes pelo número 153. Eles possuem treinamento e equipamentos para realizar o manejo e a devolução do animal ao seu habitat de forma segura para todos.
Um problema recorrente na nossa cidade-praia
Este não é um caso isolado. Moradores de bairros como os Jardins Aureny e Taquaralto, que aproveitam o fim de semana para curtir as praias do Lago, convivem com a proximidade da fauna local. A questão que fica é: estamos preparados para essa convivência? A falta de informação clara sobre como proceder pode transformar um cidadão comum em um herói para uns e um criminoso para outros.
O vídeo da Praia do Prata foi encaminhado para as autoridades ambientais, que devem analisar o caso e identificar o responsável. Enquanto isso, a cidade assiste ao debate, refletindo sobre os limites da nossa interação com a natureza exuberante que cerca Palmas.